DON CURZIO NITOGLIA: FALSO MISTICISMO E VERDADEIRA MÍSTICA.


 

DON CURZIO NITOGLIA
[Tradução: Gederson Falcometa]


ESPIRITUALIDADE CATÓLICA E RELIGIOSIDADE ORIENTALIZANTE

O falso misticismo
  • Já falamos da verdadeira mística[1] neste site (v.***). No presente artigo resta ver qual é a sua falsificação, que é o falso misticismo. Este perverte sobretudo a verdadeira noção do estado passivo da mística. Tal estado consiste na passividade relativa do homem apenas diante da Graça atual e especial do Espírito Santo (não impedi lo), mas não na passividade absoluta do homem quanto ao agir espiritualmente  impulsionado pelo Paráclito, vivendo ao máximo, sobrenaturalmente ou heroicamente, as Virtudes infusas e especialmente as teologais.



  • À ascética [2] é constituída sobretudo pelo esforço humano habitual, ajudado pela Graça atual ordinária de Deus, para viver na Graça santificante, lutando contra o pecado mortal e fazendo uma oração mental sobretudo discursiva (primeira via “purgativa” dos “principiantes”); então consiste na imitação das Virtudes de Cristo e em fazer uma oração mental sobretudo afetiva (segunda via “iluminativa” dos que “progridem”) e enfim na mística (terceira via “unitiva” dos “perfeitos”) [3], na qual a alma é similar a um barco a vela, que é feito para flutuar (passividade relativa) e não se recusa a flutuar (atividade heroica) sobre as ondas impulsionada pelo sopro impetuoso do Espírito Santo; Portanto a verdadeira mística é caracterizada por uma atividade heróica ou sobre-humana no exercício das Virtudes infusas por parte do homem, o qual todavia é movido sobretudo pelo Espírito Santo, o qual não deve resistir ou colocar obstáculos de má vontade. Ao invés o falso misticismo fala de passividade total também no agir, que leva ao Quietismo, que é ao não “fazer absolutamente nada”. Mas Jesus no Evangelho dos disse: “Nem todo aquele que diz “Senhor, Senhor”, entrará no Reino de Deus, mas aquele que faz a sua vontade”. Em suma “quem quer fazer o anjo, acaba por se tornar uma besta”. Na verdade “a Fé sem as boas obras é morta” (São Tiago).
O Quietismo
  • É uma tendência pseudo mística, que coloca a perfeição na contemplação passiva, onde a alma renúncia a sua livre atividade também na prática das Virtudes, ao controle da sensualidade e das paixões, até ao ponto de conciliar o mais baixo sensualismo com a adesão “misticóide” a Deus. O Quietismo despreza a ascética. Na Espanha se difunde desde o século XV com a seita dos Alumbrados (Iluminati), na França com François Fénelon (+ 1717) e Madame Jeanne Marie Guyon (+ 1717),  “uma exaltada que ao misticismo contemplativo unia o misticismo sensual, com a teoria da passividade da alma nas tentações e nos pecados de luxúria” [4], na Itália por obra de Miguel Molinos.
  • O pervertimento da passividade ou não resistência do homem a Graça especial do Paráclito, alargada também a prática das Virtudes e a luta contra o mal é a essência da falsa mística. Nos primeiros séculos da Igreja o Montanismo [5] caiu em excessos perniciosos do ponto de vista dogmático, ascético e moral. No medievo os Begardos[6] e as Beguinas conheceram semelhantes desvios e desordens. Da época moderna do Quietismo, procede o Americanismo [7] que é o Modernismo ascético. O Quietismo conheceu várias formas: aquela mais radical e aquela moderada ou semi-quietista.
Quietismo radical
  • Tem origem com Miguel Molinos [8], nasceu na Espanha em 1640, mas vivido sobretudo em Roma, onde disseminou os seus erros mediante as suas obras principais A guia espiritual e A oração de quietude, condenados por Inocêncio XI (Constituição Coelestis Pastor, 19 de novembro 1687, DB 1221-1288). Segundo Molinos a vida cristã e a perfeição ou mística consiste na absoluta passividade da alma humana, a qual foi dispensada também de resistir as tentações; o seu lema antecede aquele do liberalismo econômico  “Laissez faire”, assim transposto na religião: “Deixe Deus fazer”, e tocará o ápice no liberalismo ou modernismo ascético chamado por Leão XIII, de Americanismo. Segundo Molinos existe uma só via, que é aquela mística ou a dos perfeitos, a qual se chega por si, com as própria forças. Onde para ele a vida espiritual se inicia com a via unitiva, que para a Igreja é a terceira e ultima e a qual se chega depois de uma longa vida ascética (primeira e segunda via, dos insipientes e dos progredintes) e entramos por um dom gratuito de Deus , que atua através da Graça transitória especial do Espírito Santo, os sete dons do Paráclito. Nesta via puramente e absolutamente passiva, segundo Molinos, se vive constantemente e habitualmente na contemplação infusa, a qual, ao invés, para a doutrina católica é concedida por Deus apenas em atos de contemplação, que duram pouco tempo. Como a contemplação é perpétua, para Molinos, a alma é dispensada de todos os atos explícitos de Virtude, da resistência as tentações e das mortificações. Então, se chega invariavelmente, a desordens morais, porque o homem é ferido pelo pecado original, mantém sempre em si até a morte o fomes peccati, que é a tendência ao mal, a qual se deve resistir negativamente não fazendo o mal e positivamente colocando atos de Virtude. Ao invés, para o Quietismo o misticóide é de tal forma perfeito, que não pode mais pecar e então não deve cuidar-se das tentações da qual esta seguro de não lhe dar jamais o consentimento da vontade, presumindo de ser confirmado na Graça, ainda que cumpra exteriormente atos objetivamente imorais.
  • A antiguissima doutrina cabalística do anti-nomismo ou santificação contra a Lei moral (“nomè”) através do pecado, foi retomada pelo movimento moderno chassídico primeiro elitista (v. Sabbatai Tzevi +, Jacob Frank +1791) e depois pelo chassidismo contemporâneo de massa (v. Martin Buber +1965, Emmanuel Levinas +1995), depois de ser renovada por Martinho Lutero com o seu “pecca fortiter sed fortius crede” e pelo Modernismo Ascético ou Americanismo, condenado por Leão XIII (Testem Benevolentiae, 1889), mas hoje renascido com virulência paroxística sobretudo com o Neo-modernismo ou Sentimentalismo religioso tanto em voga nos “movimentos” ou “caminhos” pseudo-católicos (Neo-catecumenato [9], Comunhão e Liberação, Renovamento do Espírito, Carismatismo e Pentecostalismo [10]).
  • O Molinosismo retém que o objeto principal da contemplação é Deus e não Jesus Cristo, que, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, parece menos perfeito e não digno dos quietistas, que seriam “mais que perfeitos”. Esses falam de “Coração de Deus”, mas não do Sagrado Coração de Jesus, porque este último é muito material, enquanto o primeiro é unicamente o Amor puramente espiritual, misericordioso e “tudo-faz”, o qual dispensaria o “perfeito” ou o iniciado de toda ação boa e de toda resistência ao pecado.
Quietismo moderado
  • Quietismo de Molinos foi retomado e temperado, para evitar as condenações da Igreja, por Madame Jeanne Marie Guyon, Padre P. Lacombe e François Fénelon, o qual sistematizou e suavizou de certos excessos a piedade sentimentalista e fantasiosa do amor puro e desinteressado da senhora Guyon no seu livro Maximes des Saints de 1697. Neste, Fénelon sustentava que a perfeição consiste no estado habitual de puro amor de Deus, desinteressado ou sem a Esperança do Paraíso. Além disso, se pode ser persuadido na parte superior da alma (intelecto) de ser reprovado de Deus e aceitar plenamente (vontade) tal estado de danação, oferecendo a Deus o sacrifício da própria felicidade eterna. Enfim a alma perfeita deve ser indiferente a prática da Virtude e a Humanidade de Jesus Cristo. Tais proposições foram condenadas em 1699 por Inocêncio XII (DB 1327-1349) porque são substancialmente idênticas àquelas de Molinos ainda que expressas, quanto ao modo, de forma menos radicais ou mais moderadas.
Espiritualidade orientalizante [11]
  • Qual a diferença entre a espiritualidade e a meditação católica para os “ métodos” extremos orientais de “concentração”? [12] A espiritualidade cristã se funda sobre a Fé em um Deus pessoal e transcendente, Criador do homem, o qual O prega como Pai divino, O conhece e O ama sobrenaturalmente, mediante as Virtudes infusas da Fé, Esperança e Caridade. Pela Graça santificante Deus habita realmente e fisicamente na alma do justo. Onde a vida espiritual é conhecimento e amor recíproco, altruístico e de convivência entre Deus e o homem. Todavia Deus é sempre infinitamente distinto do homem, o qual participa da vida intima divina de forma finita e limitada ou criatural. Há uma união, mas não confusão entre Deus e homem, que buscará conformar a sua vontade a de Deus.
  • A filosofia extremo-oriental (hinduísta e budista) [13] é tendencialmente panteísta e esotérica ou gnostizante, porque identifica o homem e a “divindade”. Não concebe Deus como Pessoa transcendente ao mundo, infinito, imutável, determinado, Ato puro, Criador, mas como um “Todo imanente ao mundo“ (hinduísmo) ou um “Silêncio ou Vazio universal” (budismo), que não transcende o mundo, mas se identifica com ele; mais que de Deus, se trata de uma “vaga divindade” indeterminada [14], indiferenciada, anônima e identificada com o mundo, que é absorvido nessa.
  • A “oração” ou melhor a “concentração” oriental hinduísta ou budista (que não é uma religião, a qual une o homem a Deus, mas uma filosofia imanentista, naturalista e panteísta) não é um conhecimento amoroso entre o homem e Deus, que desemboca em um colóquio mútuo “como um Amigo fala ao amigo” (Santo Inácio de Loyola), mas é sim um retiro sobre si mesmo, já que a “concentração” oriental não conhece um Ser distinto do homem e então o pensamento humano deve concentrar-se sobre si mesmo, coincidente com a “divindade”, concebida como um “Grande Si indiferenciado e impessoal”.
  • Nas filosofias místicas e esotéricas do extremo oriente não existe espaço para um conhecimento amoroso de Deus, enquanto não existe um Deus distinto do homem; não existe um colóquio entre homem e Deus, mas um solilóquio do «homem-“deus”» consigo mesmo ou uma imersão do homem no Todo impessoal e indeterminado. O fim da concentração oriental é fazer o homem ter consciência de não ser uma criatura de Deus, mas uma Totalidade de identidade com a “divindade”. Por isso, concentrando-se o homem deve chegar a conceber-se como impessoal e como uma amalgama entre mundo, “divindade” e se mesmo pessoalmente inexistente, que é uma partícula do Todo indeterminado. O anulamento da consciência da própria personalidade, individualista (ser indiviso em si e distinto de todos os outros) e a consciência da unidade com o Todo ou “Si indeterminado” é o fim ultimo da concentração e da filosofia oriental. O fato de conhecer-se como “individuo”, eu, pessoa é uma ilusão (“maya”) que o homem deve perder através da concentração, que o libera assim do sofrimento (“nirvana”, estado de indiferença ou liberação), o qual é o conhecimento da realidade objetiva, que muitas vezes obstacula os desejos do iniciado.
  • A oração cristã nos faz tomar consciência desta dificuldade e com a ajuda de Deus nos obtém a força de aceitá-la e superá-la; enquanto a “concentração” ou “desdobramento” oriental nos faz perder a noção da realidade objetiva e nos ilude de não sermos “iludidos”, ou seja, ser uma parte do Todo.
  • Uma outra grande diferença entre oração cristã e “concentração” oriental é que os métodos orientais são técnicas puramente humanas e naturais de natureza psicológica  destinadas a fazer o homem esquecer sua individualidade e os seus problemas, levando o ao estado de indiferença ou felicidade na própria identificação com o Todo “deus-mundo” ». O esoterismo é a base e o fundamento da concentração oriental: esse é um conhecimento natural (gnosis) que “salva”, liberta ou aperfeiçoa o homem fazendo-o chegar a consciência da própria identidade com o «mundo-“divindade”. A Religião cristã, ao invés, é a Revelação divina a qual se adere pelo dom sobrenatural e gratuito da Graça e da Fé e se vive através da oração ou oração mental, com o auxílio da Graça divina ou sobrenatural. Entre as duas existe uma diferença qualificativa infinita, a própria que intercorre entre a natureza e a sobrenatureza.
  • A yoga é uma das formas mais conhecidas de “concentração”. Essa deriva da filosofia oriental hinduísta, enquanto o zen daquela budista [15]. Todas duas são imanentistas e panteístas. São uma espécie de “rito religioso”. Todavia é importante saber que as posições assumidas pelo corpo do yogin (aquele que pratica a yoga) não são formas ginasticas de relaxamento muscular, mas são doutrinas especulativas-praticas que servem para ajudar o iniciado a chegar a esquecer que possuí um corpo, de ser um individuo distinto de todos os outros. É preciso mover-se e respirar o mínimo possível, intervalando por tanto quanto possível a inspiração e a expiração, sempre para permitir a consciência do yogin liberar-se do  ônus do corpo, que é essencialmente malvado, como tudo aquilo que é corpóreo ou material (aqui se vê claramente o influxo recíproco entre cabala, maniqueísmo, gnosticismo, catarismo e filosofia oriental, que influenciou não pouco também a filosofia européia antiga em `Platão e moderna sobretudo em Descartes e Schopenhauer). Então o yogin deve abstrair os seus sentidos de todo objeto externo e concentrar-lhe apenas sobre si mesmo ou o seu pensamento (v. O “pensamento pensado” de Giovanni Gentile). Aqui o iniciado chega a conhecer diretamente, ou seja, a intuir sem mediação dos sentidos e do raciocínio  como se fosse um anjo, a essência de todas as coisas (ver o ontologismo de Malebranche, Gioberti e Rosmini) [16]. Enfim se chega a identificação do sujeito com o objeto (ver o idealismo clássico alemão) para anular a consciência do objeto extra-mental e tornar o sujeito um objeto de concentração. O sujeito que coincide com o objeto suspende em tal modo todo desejo de coisas externas, que é liberado ou iluminado. O individuo humano é dissolvido como uma gota que cai em um grande oceano (ver Niilismo filosófico pós-modernos de Nietzsche, Freud, Escola de Frankfurt e Estruturalismo francês).
  • Todos os métodos de “concentração” das filosofias misticas orientais, desde o início, tendem a levar o iniciado a anular a consciência da sua identidade de individuo humano, distinto dos outros, do mundo e de Deus. Os métodos ou as técnicas são uma parte integrante da teoria ou filosofia imanentista e panteísta oriental que quer destruir no homem a consciência racional do próprio eu, da própria personalidade e individualidade até o seu absorvimento no Todo impessoal ou no Vazio indeterminado.
Conclusão
1º) A verdadeira mística diz passividade ou não-resistência apenas relativamente a moção especial do Espírito Santo e não quanto a ação humana, impulsionada pelo Paráclito de forma heroica ou sobre-humana.
2º) O falso misticismo, ao invés, diz passividade total (ou seja, “não fazer nada”) mesmo no não viver a Virtude, no não resistir aos males morais.
3º) A consequência do falso misticismo, que é a corrupção da união transformante com Deus (“corrupto optimi pessima”), comporta a destruição da reta razão, da Fé sobrenatural, da Moral objetiva e da obediência a Hierárquia eclesiástica, como Cristo a quis. Em breve comporta o fim da verdadeira Religião (“si fieri potest”) e do homem animal racional e livre.
4º) A falsa mistica infectou todas as épocas da história da Igreja: a antiguidade com o Montanismo, o medievo com os Begardos, a primeira parte da modernidade com Lutero e o Quietismo, a segunda parte da modernidade com o modernismo americanista e a pós-modernidade com o neomodernismo pós-conciliar dos movimentos ou caminhos, os quais vem hoje aprovados pelos vértices eclesiais, enquanto até os anos Cinqüenta do Século XX toda desviação era condenada e reprimida. Isto é o problema e o drama da hora presente, que somente a onipotência e a justiça de Deus poderá resolver, tendo o homem moderno e contemporâneo até agora resistido a sua misericórdia.
5º) O influxo do judaísmo cabalístico se fez sentir pesadamente durante o Concílio Vaticano II (v. Nostra aetate, 1965) e no pós – Concílio através da atração provada de Karol Woytila (+ 2005) e Joseph Ratzinger por Martin Buber (+ 1965) e Emmanuel Lévinas (+ 1995), os quais fizeram a cabala esotérica hebraica elitista um fenômeno de massa servindo-se do movimento chassídico, como Freud fez do talmudismo um fenômeno de massa através da psicanálise.
6º) A “religiosidade” hinduísta e budista do extremo oriente, mais que uma Religião positiva (que une o homem a Deus, religião de religare) é uma filosofia esotérica e gnóstica, imanentista e pelo menos tendencialmente panteísta. Para essa não existe um Deus (“qui fastidioso divites dimisit inanes”) distinto do mundo e transcendente e então não subsiste uma Religião, mas uma vaga divindade impessoal e indeterminada, que faz um todo, com o mundo e com o homem, e portanto, é um conhecimento misterioso, secreto, elitista, gnóstico e esotérico, que distância Deus do homem (“quem se exalta será humilhado, quem se humilha será exaltado”).
7º) Os “métodos de concentração” extremo-orientais não tem nada haver com a “oração” ou oração mental (meditação e contemplação) cristã. Na verdade, enquanto a oração é um conhecimento amoroso de Deus por parte do homem, que leva a união ou a viver juntos, embora permanecendo distintos (Deus é infinitamente superior a toda criatura, mesmo a angélica); a “concentração” oriental (yoga ou zen) parte do falso pressuposto filosófico que o homem não é um individuo distinto dos outros, do mundo e de Deus; mas homem, divindade e mundo, formam um “Todo” ou um “Vazio indeterminado”. Tal falsa filosofia se serve da yoga ou zen para convencer o iluminado que ele é uma parte do “Todo” ou “uma gota d’água que se perde no Oceano da divindade”.
8º) As consequências morais da filosofia panteísta extremo-oriental são desastrosas e conduzem ao niilismo filosófico, que sobretudo do paroxismo do Sessenta e oito esta destruindo o homem contemporâneo na razão, na moral e até no seu ser. Na verdade, se o homem é “uma gota que se perde no oceano” ele é uma partícula de um “Todo”, que então é um “Vázio” indeterminado e potencial, ou seja, um “não ser” em perpétuo divenire (NDT.:vir-a-ser). Portanto, o homem, o mundo e a divindade não são ou não existem, mas tornam continuamente sem jamais chegar ao ato.
9º) É preciso escolher: ou a reta filosofia, a verdadeira Religião e a oração voltada para Deus criador ou o absurdo filosófico do imanentismo panteísta, a falsa religiosidade panteísta e a concentração ilusionista, que torna o sujeito objeto, como o “Mago Silvano”, que extraí o coelho da cartola e torna o espectador um rebus acrônimo do “Coe-lho”. Tertium non datur. Parafraseando Guénon: “Perditio ex oriente!”
d. Curzio Nitoglia
25 de agosto de 2011

Notas:
[1] Dom Anselmo Stolz osb, Teologia della mistica, Brescia, Morcelliana, 1940; Antonio Royo Marin op, Teologia della perfezione cristiana, tr. it., Roma, Paoline, 1960.
[2] A. Stolz, L’ascesi cristiana, Brescia, Morcelliana, 1943; Adolfo Tanquerey, Compendio di Teologia ascetica e mistica, tr. it., Desclée, Roma, 1928.
[3] S. Tommaso d’Aquino, S. Th., II-II, q. 24, a. 9.
[4]P. Parente, Dizionario di Teologia dommatica, Roma, Studium, 1957, IV ed., voce Quietismo. Cfr. C. Crivelli, Piccolo Dizionario delle sètte protestanti, Roma, Civiltà Cattolica Editrice, 1945.
[5] O Montanismo é uma heresia de índole ascético-espiritual, surgiu em 170 d.C. na Frígia (Ásia menor) por obra de um certo Montano, convertido ao cristianismo. Ele começou a ter estranhos fênomenos “misticóides” de natureza patológica ou preternatural. Duas mulheres, Priscila e Maximilia, o seguiram e tiveram fênomenos analógicos. Montano também pregava o fim do mundo como próximo e a segunda vinda de Cristo sobre a terra, lida em chave milenarista mais que escatológica. Mais que uma doutrina dogmática o Montanismo é uma prática ascética rigorista. Na verdade, Montano se declarava pleno do Espírito Santo para dar nascimento a um Cristianismo mais perfeito (uma espécie de Terceira Aliança joaquimita ante litteram). Da Ásia o Montanismo chega a Roma onde ganhou Tertuliano em 213, que morre montanista fora da Igreja Católica. Papa Zeferino condenou o Montanismo. (Cfr. Pio Paschini, Lezioni di storia ecclesiastica, Torino, 1930, I vol., p. 99; A. Mayer, voce “Montanismo”, in “Enciclopedia Cattolica”, Città del Vaticano, XII voll., 1949-1954).
[6] Os Begardos são uma das tantas seitas religiosas pululantes entre o XII e XIII séculos na Europa. Esses são uma derivação das Beguinas, mulheres consagradas de vida casta e pobre. No início eram ortodoxos, mas depois começaram a se desviar, debilmente as Beguinas, mas fortemente os Begardos. O Concílio Ecumênico de Viena (1311-1312) condenou os Begardos e as Beguinas (DB 471-478), sobretudo, na doutrina da impecabilidade dos iniciados na seita, os quais chegado a um dado grau de perfeição não devem mais rezar, mortificar-se, resistir as tentações, obedecer a Hierarquia e podem conceder ao corpo qualquer satisfação, que para os outros é pecaminosa, mas para os “perfeitos” não. Os “perfeitos” podem ver Deus face a face já na terra com as suas capacidades, sem o Lumen gloriae, não devem demorar-se no culto a Humanidade de Cristo e da Eucaristia. (Cfr. F. Vernet, Béghardes, Béguines, in “D. Th.. C.”). Esses tem pontos de contato com os Fraticelli heterodoxos, distantes do Franciscanismo espiritual,   surgiram nos tempos do Papa Nicolau III, caíram em desgraça com Bonifácio VIII e foram condenados em 1316 pelo Papa João XXII (Constituição Gloriosam Eccesiam, DB 484-490). A sua doutrina é resumida pela citada Constituição apostólica, como rebelião contra a Autoridade da Igreja, da qual seriam de duas espécies: uma petrina, carnal, corrupta e rica que tem como chefe o Papa; e outra jovem espiritual, pura e pobre da qual fazem parte os Fraticelli e os seus sequazes. O Matrimônio seria intrinsecamente mal, o fim do mundo próximo. Todavia esses mesmos indulgenciavam o sensualismo e negavam o direito a propriedade privada, tendendo a uma forma de comunismo ante litteram (cfr. F. Vernet, voce “Fraticelles”, in “D. Th. C.”).
[7] O Americanismo nasce no fim do Século XVII de um sacerdote americano de nome P. Hecker. Ele consciente da índole exuberante e ávida de liberdade absoluta do povo americano, insensível a metafísica e amante do Pragmatismo, levado pelas riquezas a certo hedonismo ascético ou naturalismo ao menos prático, havia buscado adaptar ou atualizar a Religião Católica ao espírito da filosofia pragmática americana. Leão XIII na Carta ao Cardeal Gibbons Testem benevolentiae (1889) condenou a possibilidade de adaptação ou atualização da doutrina católica as exigências da filosofia e civilização moderna, sacrificando a metafísica clássica e escolástica, mitigando o esforço ascético, orientando-se para o democratismo. Do ponto de vista espiritual, o americanismo desvaloriza as Virtudes infusas e esconde para se agarrar as virtudes ativas e naturais (ação, organização, pastoral, associacionismo e ativismo). O Papa reafirmou o primado da contemplação (a qual se chega depois do esforço ascético) sobre a ação e o ativismo (“heresia da ação”); antes colocou em guarda contra o perigo de arruinar-se moralmente esquecendo a vida interior e jogando-se no ativismo natural e louco, que prepara a queda no pecado mortal e a danação eterna.
[8] Cfr. P. Dudon, Le Quiétiste espagnol Michel Molinos, Parigi, 1921.

[9] Cfr. E. Zoffoli, Verità sul cammino neocatecumenale. Testimonianze e documenti, Udine, Il Segno, 1996. www.edizionisegno.it

[10] Cfr. F. Spadafora, Pentecostali & Testimoni di Geova, Rovigo, Istituto Padano Arti Grafiche, 1980.

[11] Cfr. M. Eliade (diretta da), Enciclopedia delle religioni, vol. 13, Religioni dell’Estremo Oriente, Milano-Roma, Jaca Book-Città Nuova, 2007.

[12] Cfr. M. Aniol, Può un cristiano pregare utilizzando i “metodi orientali” di concentrazione?, Pessano (MI), Mimep-Docete, 1990.

[13] Cfr. J. M. de La Croix, La Religione e le religioni, Pessano (MI), Mimep-Docete, 1990. Per l’induismo si legga M. Quéguiner, Introduzione all’induismo, Milano, EMI, 1984; M. Eliade, Enciclopedia delle Religioni (diretta da), vol. 9, Induismo, Milano-Roma, Jaca Book-Città Nuova, 2006; G. Filoramo, (diretta da), La grande storia delle religioni, vol. 5, Induismo. Spiritualità e tradizione sulle rive del Gange, Bari, Laterza, 2005. Per il buddismo v. M. Zago, Buddismo e Cristianesimo in dialogo, Roma, Città Nuova, 1985; M. Eliade, (diretta da) Enciclopedia delle religioni, vol. 10, Il Buddhismo, Milano-Roma, Jaca Book-Città Nuova, 2006; H. de Lubac, Buddismo e occidente, Milano, Jaca Book, 1987; G. Filoramo (diretta da), La grande storia delle religioni, vol. 4, Buddismo. Religioni dell’Estremo Oriente, Bari, Laterza, 2005.

[14] Atenção em não confundir “in-finito”, com “in-determinado”. Na verdade “in-finito” é ausência de limites ou criaturalidade. O limite ou a criaturalidade são uma imperfeição do homem enquanto criatura, apenas o infinito, que não tem limites e não é criado, é perfeito e é Deus. Enquanto “determinado” significa atuado. Ora, ato diz  perfeição a respeito da potência, indeterminação diz diz respeito a potencialidade e perfeição. Ao invés o indeterminado é aquilo que falta de ato, perfeição. Portanto indeterminado e Infinito são dois conceitos contrários, como Deus Ser Criador e ente criado, limitado e finito.

[15] O zen é um derivado da yoga clássica, como o buddismo do induismo.

[16] Cfr. M. Eliade, Patañjali et le yoga, Parigi, Seuil, 1982.

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