O VALOR DO SYLLABUS E ALGUNS CATÓLICOS - P. CARLO RINALDO S.J.
Extraído do texto IlValore del Sillabo, 3º Il Valore del Sillabo e alcuni cattolici, revista La Civiltà Cattolica, Serie XIII, vol. III, fasc. 869, 26 agosto 1886.
R.P. Carlo Rinaldi d.C.d.G.
[Tradução: Gederson Falcometa]
Muito mais fácil é entrar em discussão com aqueles, os quais embora negando o valor dogmático do documento pontifício, se professam devotos filhos da Igreja, obsequiosos e dóceis ovelhas para o Pastor supremo do rebanho de Jesus Cristo. Esses estão conosco na mesma fé e caridade; e se neste ponto se diferem, não é porque negam dever sujeição de mente e de coração ao ensinamento do Vigário de Jesus Cristo, quando Ele fala como tal, e essa seria questão de princípio; mas apenas porque nega conter no Syllabus um ensinamento verdadeiramente dogmático: prontos (e como não?) a rendição total onde isto seja a eles demonstrado. A questão então, como cada um vê, é de fato. É justo, antes de sujeitar-se a uma obrigação, pedir-lhe as provas; como também é verdadeiro que uma obrigação reconhecida na questão de princípio, não é apenas por isto reconhecida se não condicionadamente ao fato; consequentemente isto é ao verificarem-se aquelas condições que são requeridas, para que um fato particular caia sob o já admitido princípio. É claro então, que uma e outra parte dos contendentes deve convir em estabelecer quais e quantas são essas condições; que se acima disso houvesse uma disparidade de sentir, então, a discussão cairia sobre outras questões, as quais, como ponto do qual todo o resto da disputa depende e que em primeiro lugar deveria se resolver. Que se deva obedecer, a título de exemplo, a autoridade legitimamente constituída, quando esta comanda, não existe dúvida de sorte alguma. Mas que tal ou tal outra coisa venha de fato ordenada, pode-se muito bem ser contestado, a dar-lhe uma prova se concorda a recorrer aquelas verdades de que o fato depende, e a luz do qual este é demonstrado. É propriamente o nosso caso.
Os opositores se recusam a reconhecer e admitir o Syllabus como ensinamento dogmático, porque de fato, dizem, esse não apresenta aqueles requisitos que o rendam tal. E aqui prosseguem indicando um a um defeitos que dizem respeito, quer a forma, quer a promulgação, quer a matéria ou quer a intenção. Todas as outras dificuldades se reduzem e apoiam sobre um dos quatro pontos mencionados. Portanto, este é o campo sobre o qual as duas sentenças contrárias se afrontam, e dão prova das suas força.
Duplo é o modo, com que a sentença afirmante do valor dogmático do Syllabus pode e dela procede ao reencontro da outra. O primeiro com negar que tais requisitos sejam necessários e o segundo com sustentar que esses estão realmente no documento. Estes dois modos, quem bem raciocina, não são se não aparentemente diversos, e reconduzem-se em um e mesmo sentido de oposição, ou pelos opositores; se afirma acontecer aquela forma, promulgação, etc… necessária e suficiente para que um documento tenha valor dogmático. E com isto se passa, como qualquer um vê, a fazer ao invés questão de princípio, isto é, a ver o que os Teólogos, segundo os Concílios e os SS. Padres, consideram como necessário e suficiente, para que um documento pontifício tenha valor dogmático.
Além do que o argumento, que pode e só chega a estabelecer a sentença afirmativa, é de duas espécies: intrínseco, e extrínseco. Em torno o que convém observar: Primeiramente, que se um e outro argumento vale verdadeiramente para provar, pouco importa que a tese venha demonstrada com o primeiro mais que com o segundo; especialmente quando um e outro argumento próprio da Ciência no campo em que se esta discutindo, e pertinência da qual é a conclusão o escopo e termo do disputar. – Secundariamente, que o argumento extrínseco validamente feito pode servir como apoio para sustentar e corroborar o argumento intrínseco, onde este não apresentasse aquela evidência, que sozinha poderia bastar para dar-lhe clara e lampante conclusão. Tomemos, como exemplo, um texto das S. Escrituras: o sentido nesse contido pode se demonstrado pelas palavras, pela sua tecedura e pelo próprio contexto ou pela interpretação dos SS. Padres. E um e outro argumento, ainda que intrínseco o primeiro, extrínseco o segundo, é todo próprio da ciência teológica; porque estes da S. Escritura e da interpretação dos SS. Padres, como fonte própria, atinge. Se por meio desta os teólogos provam o sentido do texto, isso deve dizer-se verdadeiramente demonstrado, ainda que permaneça no texto, em si mesmo separadamente considerado, alguma obscuridade e incerteza.
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