Liberalismo e modernismo

PADRE CURZIO NITOGLIA

28 de maio de 2011
[Tradução Gederson Falcometa]

http://www.doncurzionitoglia.com/liberalismo_e_modernismo.htm

“Nada além do homem, nada para fora do homem, nada sem o homem. Este é o clímax do liberalismo que se chama modernismo”. (Luis Billot)

I) O liberalismo

O Cardeal Luis Billot refutou de forma concisa e agudíssima tanto o liberalismo (De Ecclesia Christi. Tomo II, De abitudine Ecclesiae ad civilem Societatem, III ed., Roma, Gregoriana, 1929, Quaestione VIII, De errore liberalismi et variis ejus formis, pp. 21-63) como seu filho o modernismo ( De virtutibus infusis, Roma, Gregoriana, 1928, De objecto Fidei, pg. 264-272).

O princípio liberal

No que diz respeito ao liberalismo Billot explica que essa é a doutrina que quer emancipar ou “libertar” o homem de Deus, da sua Lei, da sua revelação e da sua Igreja, tanto individual como socialmente. Para obter isso, coloca a liberdade como um fim e bem supremo, o que substitui Deus, com a “liberdade “.

 

 

I) Tal princípio em si considerado (a liberdade é o fim último do homem), segundo Billot, é:

· Absurdo, na verdade a liberdade não pode ser um fim e tão menos o fim último e o sumo bem, porque essa é uma potência ou capacidade de agir livremente. Ora a ação ou operação consiste em tender em direção ao fim. Assim, a liberdade é um instrumento ou meio para captar o fim e não é o fim. Mas se você toma a liberdade como meio para agir livremente bem e para captar o fim (ou livremente mal e a perder o fim) se destrói a noção mesma do liberalismo, o qual é uma absurdidade ou contradição nos termos, enquanto põe a liberdade como fim e não como meio.

· Antinatural, na verdade pretende que tudo deve ser ordenado a liberdade individual. Mas o individualismo é contra a natureza mesma do homem, o qual foi feito para viver junto aos outros, ou seja, é “animal sociável” (cfr. Santo Tomás de Aquino, De regimine principum, lib. I, cap. 1). O cume é que o liberalismo que sempre se refere a natureza (como resultado do naturalismo renascentista) erra contra a natureza do homem.

· Quimérico, porque não corresponde a realidade: muda o meio para o fim e desnatura o homem fazendo-lhe um puro indivíduo altísta. A conclusão que muitas vezes vem do liberalismo é exatamente o contrário que colocou como ponto de partida: a destruição da liberdade individual, porque é o prenúncio de sistemas sócio-políticos democráticos nos quais o número e a massa tiranizam sobre o indivíduo e sobre a minoria.

II) O princípio liberal aplicado as coisas humanas conduz:

· À anarquia, enquanto destrói a natureza social do homem e em seguida a família (através do divórcio, o aborto e a união livre) e consequentemente o Estado, que é a união de mais famílias; ou o absolutismo das oligarquias financeiras, como se o indivíduo – especialmente os mais fracos e pobres – fosse privado de qualquer ajuda dos organismo intermediários (empresas) e do Estado, será Intimidado pelas grandes potências, da alta finança apátridas, por oligarquias econômicas (cfr. Pio XI, Quadragesimo anno, 1931).

III) O princípio liberal aplicado a religião conduz ao menos implicitamente ao ateísmo, porque Deus limita a “liberdade” humana entendida como fim último e em seguida deve negar a sua existência para tornar o homem verdadeiramente livre.

Os três diversos graus do liberalismo

· Liberalismo absoluto, que nega a existência de Deus, da ordem sobrenatural e da Igreja como uma verdadeira religião fundada por Deus. Esse leva ao materialismo, ao ateísmo e a irreligiosidade.

· Liberalismo Moderado, que não nega Deus e a Igreja, mas quer a separação completa entre Estado e Religião. Deus é um Rei que reina mas não governa e deixa que o homem tenha praticamente o seu posto de governante, contentando-se – como dizem os deístas – de existir sem ser previdente. Do deísmo, se passa ao panteísmo enquanto Deus e o homem praticamente formam uma só coisa, porque é o homem que governa no lugar de Deus. Mas o panteísmo é um ateísmo disfarçado por uma mentira. Ora se a hipocrisia panteística cede e deixa o campo, a sinceridade leva ao ateísmo niilístico: Deus não existe e deve ser cancelado na constituição e na legislação dos Estados.  Além disso, o liberalismo é uma forma de maniqueísmo ou de um absurdo dualismo. Na verdade, se considera que existe um só princípio e um só fim para o homem: isso é Deus, em seguida, o liberalismo se desintegra; ou é o Estado que em seguida retorna ao liberalismo absoluto, ateu e materialista.

Se ao invés disso se considera o homem, então, ou admite que ele tem uma alma, uma vontade e inteligência e, portanto, há cooperação e subordinação entre Estado e religião, como entre o corpo e a alma, e aqui estamos novamente no catolicismo. Ou o homem tem duas almas, e então há um “deus” das coisas temporais e um “deus” das coisas espirituais (maniqueísmo). Mas isso é um absurdo, porque Deus é infinito e não pode admitir a coexistência de um outro infinito; além disso essa doutrina faz do homem um esquizofrênico: um só homem com duas personalidades, um ateu e um religioso. Finalmente equivaleria a colocar dois motores ou dois cavalos em um carro, um dos quais vai para o norte e um outro para o sul. Bem, o carro iria quebrar. No entanto, se os dois motores (igreja e estado) vão no mesmo sentido (Deus), então eles devem cooperar de forma coordenada (como os dois motores de uma aeronave).

· Catolicismo-liberal que pretende combinar o catolicismo com o liberalismo, ou seja, a submissão a Deus e o livramento de Deus. Ele é “a própria contradição subsistente.” A separação entre Igreja e Estado não é apresentada pelos católicos-liberais como uma verdade de direito, mas como uma conveniência de facto. Ora, até mesmo isso é contraditório. Na verdade, os princípios teóricos são regras que orientam a ação prática e como tais devem ser aplicados em concreto, ao invés do católico-liberal aceitá-lo, o dizem aceitá-lo,  como puros princípios especulativos, mas eles não vão colocá-lo em prática, porque não é útil ou é inconveniente de fato . Esta aparente contradição leva o católico-liberal admitir as virtudes da lei e os mandamentos, mas na prática a rejeição de vivê-los, como inconveniente. Aqui está como a imoralidade de direito e não por fraqueza entrou no ambiente Católico e Eclesial, do qual constatamos os tristíssimos exemplos de hoje que são os frutos do liberalismo e do modernismo, não somente do pecado original.

Tal incoerência co-essencial ao catolicismo liberal leva inevitavelmente a todo o tipo de compromisso a fim de sobreviver. Sua natureza é de “negociar e dialogar.” Mas a derrota é certa, porque as contradições geram essas revoluções e derramamento de sangue [1]. O trinômio liberal “Liberdade, fraternidade e igualdade” da Revolução Francesa foi a síntese desse espírito contraditório. Na verdade, a liberdade absoluta do liberalismo individualista mata a igualdade substâncial (o que não exclui a desigualdade acidental) dos homens criados por Deus e ordenados a Deus, enquanto o liberalismo quer libertar o homem de Deus. Além disso, a liberdade absoluta mata a verdadeira fraternidade que é o amor mútuo entre os homens de boa vontade, todos substancialmente, filhos de Deus e irmãos entre si e a substitui com a livre concorrência, porque o liberalismo quer eliminar qualquer dependência de Deus e, depois, pela filiação do homem, a paternidade da parte de Deus e a irmandade dos homens entre si.

II) O modernismo

Modernismo dogmático

O liberalismo condenado por Gregório XVI (Mirari vos, 1832), por Pio IX (Quanta cura e Syllabus, 1864), por Leão XIII (Immortale Dei, 1885; Libertas, 1888; Testem benevolentiae, 1889) se transformou – passando em meio ao americanismo – em modernismo dogmático condenado por São Pio X (Lamentabili, 1907; Pascendi, 1907; Sacrorum Antistitum, 1910) e social, condenado com o ‘Motu Proprio’ sobre a “A ação popular cristã” (1903) e a Carta Apostólica Notre Charge Apostolique (1910).

O Cardeal Luis Billot resumiu a doutrina magisterial (cfr. De Virtutibus infusis, Roma, Gregoriana, 1928. De obiecto Fidei, pp. 264-272) e definiu o modernismo como um desenvolvimento da absoluta liberdade individual própria do liberalismo, em individualismo e subjetivismo dogmático próprio do modernismo. O modernismo é o estado final e paroxístico dos erros filosóficos e teológicos naturalistas e liberais, chamado por São Pio X “a cloaca que reuni todas as heresias” (Pascendi, 1907). Os modernistas por sua vez gostariam de transformar, permanecendo na Igreja, a substância do catolicismo, mantendo só a aparência ou os acidentes, em um cristianismo a-dogmático para enganar os fiéis e a autoridade eclesiástica.

Billot insiste sobretudo sobre o conceito de experiência ou sentimento religioso do modernismo e explica que, o que fizeram os positivistas em filosofia: renunciar conhecer a substância, a natureza e o ser das coisas para observar somente as experiências e os fenômenos; o modernismo o fez em teologia: não existe mais um dogma objetivo e real, não existe uma verdade extra mental, mas somente o sujeito ou o indivíduo absoluto, que produz os fenômenos, os quais devem ser observados e experimentados: aqui a experiência religiosa ou o sentimentalismo teológico, que faz de Deus o produto da exigência do subconsciente e do sentimento do indíviduo. Para quem a religião e o novo cristianismo modernístico são só uma experiência sentimentalista do produto “religioso” do inconsciente do homem.

Nada além do homem, nada fora do homem, nada sem o homem. Este é o clímax do liberalismo que se chama modernismo. O culto do homem, proclamado não por laicistas e por anticlericais, mas por homens da Igreja, e esta é a segunda característica do modernismo, como “seita secreta” ou “clandestinum foedus” (São Pio X, Sacrorum Antisitum, 1 de setembro de 1910), que trabalha dentro da Igreja ocultamente a mudar a substância da doutrina católica para deixar nela só a aparência. Para o modernismo o catolicismo no tempo moderno não pode sobreviver se não esposar os princípios da filosofia moderna: subjetivismo, relativismo e imanentismo. Então para salvar a Igreja é preciso “aggiornala”. A modernidade não suporta mais a idéia de um Deus pessoal e transcendente ao mundo, portanto é preciso substituir-la com o conceito de Deus imanente ao mundo e fazer coincidir o teocentrismo com o antropocentrismo (2), destruindo a substância do primeiro e mantendo só a palavra em toda vantagem do segundo. Aqui o resultado e a conclusão coerentemente radical do liberalismo: Deus é somente uma idéia, uma palavra do indíviduo o do sujeito livre, que para afirmar a própria absolvição liberta e elimina a objetividade real de Deus e a cria qual fruto do pensamento do homem moderno.

Modernismo social

· São Pio X no “motu proprio” sobre a ação popular cristã” (18 de dezembro de 1903) retoma e condensa uma espécie de “syllabus” de 19 proposições da doutrina social católia expressa por Leão XIII na Encíclica Quo Apostolici Muneris, 1878; Rerum Novarum, 1891; Graves de communi re, 1901 e na instrução da “Sagrada Congregação para assuntos eclesiasticos e extraordinários” (27 de janeiro de 1902), que condenava o liberalismo ecônomico e o socialismo. O § 1° ensina que a Sociedade civil é composta de membros desiguais como são desiguais os membros do corpo humano (cfr. Quod Apostolici muneris). O § 2º afirma que a igualdade substancial entre os homens diz respeito só a natureza de crriatura de Deus. O § 3º expõe que Deus estabeleceu que na Sociedade civil existem desigualdades acidentais: governantes e súditos, patrões e operários, ricos e pobres, doutores e ignorantes, que devem se ajudar de fato (Quod Apostolici). O § 4º e 6º, retomam a solução da questão social proposta pela Rerum Novarm, recordando a legalidade do direito de propriedade. O § 7º recomenda aos operários de trabalharem honestamente e não danificar a propriedade do patrão. O § 8º recorda aos patrões que “fraudar o justo salário aos operários é um pecado que clama vingança ao Céu”. O § 12º aborda a questão da “democracia cristã” já tratada por Leão XIII na Encíclica Graves de communi re (1901) e reitera que a “democracia cristã” é somente a “ação popular cristã”, que tem por base a fé e a Moral católica e não deve absolutamente formar um partido político, mas deve realizar uma ação caritativa e benéfica em auxílio do povo indigente e deve depender da autoridade eclesiástica (3). Enfim o § 18 e 19 retomam a ‘instrução da S. Congregação para assuntos eclesiásticos extraordinários” que estimula todos os cristãos a fazer todo esforço para fazer reinar a concórdia e a harmônia, evitando as reprovações e críticas recíprocas. Quando há motivos de divergências é preciso recorrer ao Bispo afim de que ele julgue e corrija, e também, não se deve publicar ataques pessoais entre cristãos em jornais. Além disso, não é preciso inspirar sentimento de ódio de classe a quem quer que seja.

· Em 1910 São Pio X condena o Sillon ou democracia social francesa na Carta Apostólica Notre Charge Apostolique como verdadeiro e próprio “modernismo social”. O Papa constata a transposição em campo social e político de velhos erros do liberalismo clássico, do liberalismo econômico, do americanismo e dos novos e mais radicais erros do modernismo dogmático. O modernismo social é uma forma de democratismo político de molde rousseauniano, que deseja fazer do Evangelho uma ideologia messiânica terrena e revolucionária, a qual mais tarde levou a “teologia da liberação” [ndt: Ou teologia da libertação]; Isso transpõe o imanentismo do campo filosófico a aquele político e faz da autoridade um produto de massa, que vem debaixo e não do alto.

Conclusão

homo faber fortunae suaedo humanismo, que queria substituir a Providência de Deus produziu o naturalismo ou o culto da natureza sem a graça do Renascimento. O subjetivismo religioso de Lutero, aquele filosófico de Descartes e aquele sócio-político de Rosseau prepararam a modernidade, caracterizada pelo individualismo, relativismo, imanentismo e idealismo kantiniano-hegeliano. Hoje a liberdade individual absoluta se tornou, aos olhos da maior parte dos homens comuns e não somente dos filósofos, o próprio fim último e o próprio “deus”. O homem não mais em família, em sociedade, mas tornou-se um animal que vaga solitário e computadorizado em relações virtuais “internética” e não reais e sociais, a roda de uma engrenagem que é o absolutismo sinárquico mundialista que o esmaga no grande Leviatã da globalização. A separação entre Estado e Igreja foi sancionada pela Declaração Dignitatis Humanae do Concílio Vaticano II e colocada em prática na nova Concordata entre o Vaticano e a Itália ** 1984, definido por João Paulo II o “ideal” (v. L’Osservatore Romano *, *, 1984). As novas gerações pós-conciliares foram des-educadas em uma vaga religiosidade sentimentalista ou “experiência religiosa” protestante-liberal-modernista. O Culto do Homem foi afirmado a claras letras na Gaudium Et Spes, Paulo VI e João Paulo II levaram até ao antropocentrismo panteístico no qual o pensador produz a idéia de Deus (ver nota n. 2).

De um ponto de vista social tem se deslizado na direção do modernismo político moderadamente progressista e liberal, especialmente em Itália, com a “Democracia Cristã” como partido político da maioria (já condenado por Leão XIII em 1901 e por São Pio X em 1903 e 1910), que de 1945 a 1995 descristianizou as massas que um dia foram realmente católicas; enquanto na América Latina se deslizou em direção ao cato-comunismo radical, revolucionário e armado da Teologia da liberação [ndt: Teologia da Libertação].

Como se vê este acúmulo de aberrações doutrinarias dos séculos XIV-XVI produziram dois erros teológicos: o catolicismo-liberal do século XVIII e o Modernismo do século XIX, que fizeram do subjetivismo e do individualismo o campo de batalha deles para fazer verdadeiramente o homo faber fortunae suae, libertando-o da dependência de Deus, da religião e de toda autoridade (liberalismo) e até alcançar a fazê-lo assim “onipotente” de fazer-lo “criador” de Deus ou melhor da idéia de Deus (modernismo), porque Deus não existe realmente, mas  apenas o produto do pensamento do indivíduo. Todos os erros teológicos pressupõe um erro filosófico: a liberdade como fim e bem absoluto, o sujeito humano como criador da realidade extra mental e espiritual. O mundo contemporâneo esta submerso no subjetivismo teórico e moral, para quem verdadeiro é aquilo que me parece sê-lo e bem aquilo que eu gosto. A partir destas premissas, só se pode alcançar o caos, que agora invadiu todos os ambientes: natural e espiritual, individual, familiar e social. Se há doutrina católica ensina a realeza social de Cristo,  o mundo moderno e atual quer e vive, ao invés, o reino social de satanás, que prepara a vinda do Anticristo final, de quem os vários neo-teológos conciliares são “anticristos” iniciais ou figurativos. Humanamente falando podemos somente cuidar de salvar a nossa alma e de ajudar o próximo mais vizinho a salvar a própria, de fato somos uma gota em um oceano. Então, afim de que a civilização européia e a Igreja possam sair desta “noite escura” é necessário a intervenção da justiça de Deus, que será muito pesada, proporcional a gravidade do mal a corrigir e castigar, que é quase imenso, “a maus extremos, remédios extremos” diz o provérbio popular. Todavia “no fim o meu coração imaculado triunfará!”, nos assegurou em 1917 Nossa Senhora de Fátima.

PADRE CURZIO NITOGLIA

28 de maio de 2011

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Notas

(1) “Atrás dos sofismas vem as revoluções, depois dos sofistas é a vez do carrasco” (J. Donoso Cortés, Ensaio sobre catolicismo, o liberalismo e o socialismo, Milano, Rusconi, 1972, pg. 51).

(2) Gaudium et Spes nº 24 específica que “O homem sobre esta terra é a única criatura que Deus queria por si mesmo (propter seipsam)”. Este erro é lido a luz do pancristianismo teilhardiano de Gaudium Et Spes nº 22: “pelo mesmo fato que o Verbo se encarnou e uniu-se a todos os homens”.

Durante “a homília na 9° Sessão do Concílio Vaticano II”, em 7 de dezembro de 1965, Papa Montini veio a proclamar: “a religião do Deus que se fez homem se encontrou com a religião (porque tal é) do homem que se fez Deus. O que aconteceu? Um choque, uma luta, um anátema? Isto poderia acontecer; mas não aconteceu. […]. Uma simpatia imensa em direção a todos os homens permeou todo o Concílio. Dê nos mérito ao menos nisto, vós humanistas modernas, que rejeitaram a verdade, as quais transcendem a natureza das coisas terrestres, e reconheceste o nosso novo humanismo: também nós, mais de todos, temos o culto do homem”.

Karol Wojtyla em 1976 quando Cardeal, pregando um retiro espiritual a Paulo VI e aos seus colaboradores, publicou em italiano sobre o título Sinal de contradição. Meditações, (Milano, Gribaudi, 1977), inicia as meditações “Cristo revela plenamente o homem ao homem” (cap. XII, pg. 114-122) com Gaudium et spes n.º 22 e afirma: “o texto conciliar, aplicando a sua volta a categoria do mistério ao homem, explica o carácter antropológico ou mesmo antropocêntrico da Revelação ofertada aos homens em Cristo. Esta revelação é concentrada sobre o homem […]. O Filho de Deus através da sua encarnação, se uniu a todos os homens, se tornou – como Homem – um de nós […]. Aqui os pontos centrais aos quais se pode reduzir o ensinamento conciliar sobre o homem e sobre seu mistério” (pg. 115-116).

Papa João Paulo II afirma na sua segunda encíclica (de 1980) “Dives in misericordia” n.º1:”Enquanto as várias correntes do pensamento humano no passado e no presente foram e continuam a ser propensos a dividir e mesmo a contrapor o teocentrismo com o antropocentrismo, a Igreja [nda: no Concílio Vaticano II] […] procura uni-los […] de maneira orgânica e profunda. E este é um dos pontos fundamentais, e talvez mais importantes, do magistério do último Concílio”.

(3) Também São Pio X falou de “democracia cristã”, bem distinta do democratismo social modernístico como havia feito Leão XIII. A historieta de Leão XIII papa liberal e republicano não convence ou se deve também aplicar a São Pio X.

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