P. CURZIO NITOGLIA: ENTREGO AOS MILITANTES

 

“É todo um mundo que deve ser refeito, a partir do fundamento, transformando-lhe de selvático em humano e de humano em divino, isto é, segundo o Coração de Deus” (Pio XII, 10 de fevereiro de 1952).

“Se Deus não existe, tudo é permitido. Nada é mais proibido, não existe mais limite, não existe nada que não se possa tentar, que não se deva tentar, porque se tudo isto foi verdadeiro durante um tempo foi partindo da hipótese que Deus existia, agora que Deus não existe, nada daquilo que era verdadeiro agora é verdadeiro, nada daquilo que era bem, é bem; devemos recriar tudo. Mas, antes de recriar, é preciso começar a destruir […], o melhor voto que podemos fazer ao homem moderno é o de reentrar na ordem natural que é aquela da criação divina” (E. Gilson).

ENTREGO AOS MILITANTES
Padre Curzio Nitoglia
[Tradução: Gederson Falcometa]

 

O homem é um “animal politico”

“A lei para ser verdadeira e boa, não só deve ser promulgada pela autoridade (“Auctoritas facit legem”), mas deve ser conforme a razão e ao bem (“Veritas facit legem”)” (R. Pizzorni).

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Introdução

 

·        O livreto “Subversão & Restauração” (Milão, Edições Centro de Estudo Joana D’arc, 2012) é um manual de base para a formação dos militantes, que hoje se encontram no dever de combater contra a Subversão e pela Restauração.

 

·        A ‘Subversão’ é o naufrágio, a derrubada e a perturbação da ordem individual e social. A “Restauração” é tornar a conseguir a ordem perdida e então consiste em restaurar a ordem individual, familiar e social. Para poder restaurar a ordem na Sociedade civil é preciso antes de tê-la em si (“ninguém da aquilo que não tem”), depois na família e enfim se pode leva-la ao Estado, que é um conjunto de famílias unidas, com a finalidade de conseguir o bem comum temporal subordinado ao espiritual. A ordem é a submissão da alma a Deus e o senhorio da alma sobre o corpo e seus instintos. A “Subversão” é o rompimento desta ordem. A vida espiritual consiste no restabelecimento desta ordem na alma do homem individual; a vida política consiste em leva-la para a Sociedade civil. Pela qual o homem não deve e não pode parar apenas na vida espiritual individual, mas não pode não fazer política, sendo, por natureza, e, então, por vontade de Deus um animal social e politico. O liberalismo e o catolicismo liberal quiseram trancar a religião na sacristia e fazer-lhe uma questão puramente individual e assim também, alguns sacerdotes falsos místicos ou pseudo-espiritualistas, desencarnados e modernizantes. A doutrina católica, ao invés, fala do Reino social de Jesus Cristo e não apenas de Reino individual.

 

·        A “Subversão” nasceu com o pecado de Adão, mas, a partir da Cristandade, que é a época em que o espírito do Evangelho informava as leis da Sociedade, ela conheceu várias etapas: o Humanismo e o Renascimento (1400-1500), que buscaram substituir o Evangelho com a Cabala ou o esoterismo hebraico no nível das elites intelectuais ou Acadêmicas e culturais; depois veio o Protestantismo (1517), que imersou o subjetivismo e o relativismo na Religião tornando-a uma pura experiência subjetiva e sentimental, essencialmente anti-hierárquica e subvertedora da ordem querida por Jesus quando fundou a Sua Igreja sobre uma pessoa que é o Papa, o qual é  na terra o Rei do Corpo Místico; enfim, veio a Revolução Francesa (1789), que levou a desordem da Sociedade, na ciência e na ação Política. O Comunismo (1917) piorou a desordem da Revolução Francesa – buscando destruir a própria sociedade privada, a família e a religião – e conheceu o seu vértice com o 1968 desposando o freudismo, que levou a desordem ao interior do homem excitando ao paroxismo da inclinação para o pecado com as três Concupiscências e os sete Vícios capitais, tornado assim o homem um animal selvagem e impulsivo. Hoje nos encontramos na última fase da Subversão, o Mundialismo, que a partir de 11 de setembro de 2011 busca assenhorar-se do mundo inteiro e edificar um único Tempo e uma só República universal para tornar escrava a quase totalidade da humanidade sob o julgo de Israel e da América, os dois Estados dominados pelos principais agentes da Subversão: o judaísmo e a maçonaria.

 

·        Como não é correto reduzir apenas a maçonaria o agente principal da “Subversão” omitindo o judaísmo pós-bíblico, que perseguiu Jesus, os Apóstolos e os primeiros cristãos, é igualmente errado reduzir os motores da Subversão pessoal a apenas dois: “orgulho e sensualidade”, enquanto a Sagrada Escritura nos fala também de um terceiro motor: a avareza e a vã curiosidade, que é o apego desordenado aos bens terrenos e o frívolo desejo de saber aquilo que acontece no mundo (“Concupiscência dos olhos”). “O a-judaísmo” e “a a-Avareza” (alfa privativo) são as duas deficiências do livro “Revolução e Contra-revolução” de Plínio Correia de Oliveira (São Paulo, Brasil, 1949) que busquei remediar em “Subversão e Restauração”.

 

·        Segundo a doutrina católica (definida “de Fé divina” e infalivelmente pelo Concílio de Trento, sessão 5, DB 788, 792 e 815 ss.) o Pecado original de Adão deixou no homem a privação da Graça Santificante, o ofuscamento do espírito e o desarranjo na harmonia do seu ser, fazendo-lhe experimentar a rebelião dos sentidos ao espírito e a insubordinação do espírito a Deus (cfr. S. Th., II-II, qq. 164-165). A Incitação ao pecado ou a inclinação desordenada para o mal, não é invencível e pecaminosa em si; o torna apenas se a livre vontade humana a faz passar da potência ao ato do pecado. Em breve a concupiscência não é pecado, mas inclina a esse (cfr. Concílio de Trento, DB 792; S. Th., I-II, q. 82, a. 2). As Concupiscências são três segundo a Revelação (1a Jo., II, 16): “Tudo aquilo que é do mundo, a Concupiscência da Carne, a Concupiscência dos olhos e a Soberba da vida, não vem do Pai”

 

·        A “ Concupiscência dos olhos” tende a fazer das riquezas e das vaidades desta vida o Fim ultimo. A tríplice Concupiscência é a fonte do mal e da subversão pessoal; dessa tem origem os sete Vícios capitais, más tendências que nos impulsiona ao pecado atual e são “chefes” ou fonte de inumeráveis desordens. Se da Concupiscência da Soberba nascem três Vícios capitais (orgulho, inveja e cólera) e da Concupiscência da Sensualidade nascem outros três Vícios Capitais (luxuria, gula e preguiça), não é necessário esquecer que da Concupiscência dos Olhos (avareza e curiosidade) nasce o apego desordenado a esta vida, como se fosse aquela eterna (S. Th., I-II, q. 84, aa. 3-4; De Malo, q. 8, a. 1): essa tende a fazer nos trocar o meio pelo fim (S. Th., II-II, q. 118; De Malo, q. 113), é uma espécie de idolatria, é “o culto do bezerro de ouro; não se vive mais que para o dinheiro. Não se dá nada ou quase nada aos pobres e as boas obras: capitalizar, eis o fim supremo ao qual incessantemente se mira. […]. A civilização moderna desenvolveu uma forma paroxística de amor insaciável das riquezas, a plutocracia, para adquirir  aquela autoridade dominadora que vem das riquezas, afim de comandar os Soberanos, os Governos e os povos. Esta senhoria do ouro, degenera muitas vezes em intolerável tirania”  (A. TANQUEREY, Compendio di Teologia Ascética e Mistica, Roma-Parigi, Desclée, 1924, pp. 556-557).

 

·        O erro, que mutila a fonte da “Subversão pessoal”, é encontrado – como antecipei acima – em PLÍNIO CORREA DE OLIVEIRA  (Revolução e Contra-revolução, São Paulo Brasil, 1949, tr. It, Cristianità, 1977) junto a mutilação do motor da “Subversão social” enquanto salta de pé juntos o Judaísmo talmúdico para falar só en passant de Maçonaria. Não por a acaso os teo-conservadores ítalo-americanos se referem a esta obra do pensador brasileiro suscitado para transferir a “Restauração” da ordem pessoal, familiar e social do plano filosófico, espiritual e político, para aquele crematístico ou especulativo e latifundiarista.

·        A “Subversão” é a desordem que o homem experimente em si depois do pecado original, atrás do impulso das três concupiscências (orgulho, avareza e luxúria); a “Restauração” é a procura do retorno a ordem turvada pelas três concupiscências no individuo, na família e na Sociedade civil.

 

·        A Restauração comporta a Hierarquia. Não é necessário cair no vício do farisaísmo calvinista e liberal, o qual troca hierarquia por prepotência, desfrutamento e opressão do fraco. Hierarquia significa que existe uma diferença acidental entre os homens (quem é melhor do que os outros, quem é mais inteligente que os outros, quem trabalha mais que os outros), a qual faz com que o melhor esteja acima e comande, sem desprezar e maltratar quem se encontra abaixo e obedece. São Paulo por sua vez ensina: «Muitos são os membros, mas um só é o corpo. Nem o olho pode dizer a mão: “Não preciso de ti”; nem a cabeça aos pés […].   Ao invés disso, aqueles membros que parecem mais humildes são os mais necessários. […]. Deus assim formou o corpo, de modo que não haja divisão nele, mas antes, para que os vários membros cuidassem um dos outros. “Então, se um membro sofre, todos os membros sofrem juntos; e se um membro esta bem, todos os outros se alegram com ele» (1 Cor., XII, 4-20).

 

·        É importante que o militante se habitue a viver bem, respeitando a Lei divina e natural, porque “é preciso viver como se pensa, de outro modo se termina por pensar mal e se viver mal”. Não podemos restaurar a Sociedade se tivermos a desordem ou a Subversão em nós (“se age como se é, o modo de agir é o modo de ser”). Os conselhos práticos para restaurar a si mesmo, a família e a Sociedade, são os seguintes: 1º) reformar a si mesmo (monástica), depois a família (economia)  e então a Sociedade (política); 2º) retornar ao bom senso, ao realismo que conforma o pensar a realidade e possivelmente estudar a filosofia perene de Santo Tomás que elevou a ciência o senso comum e a reta razão que todo homem normal possuí; 3º) vencer o ócio, que é o “pai dos vícios”, e encorajar o esforço físico, intelectual e moral; 4º) recorrer a Deus onipotente, porque só Ele pode debelar o Leviatã mundialista que atualmente esmaga os homens como escravos.

 

·        Todavia – no presente artigo “Entrego aos militantes” – ocorre completar o discurso feito em “Subversão & Restauração”, com algumas considerações para os militantes, que se encontram a fazer “política” (isto é a virtude da Prudência na Sociedade Civil) diretamente, aplicando a vida quotidiana e concreta os princípios estudados no primeiro livro. Tal integração a uso sobretudo, mas não exclusivo, dos militantes leigos diz respeito: 1º) a teoria e especialmente a prática da Restauração do Reino social de Cristo, evitando os dois erros por excesso e por defeito do Angelismo super-espiritualista e do Liberalismo laicista. Como o homem é composto de alma e corpo e não é só espírito ou só matéria, assim ele não é ordenado apenas ao estado laical (laicismo liberal) ou hiper-clerical (super-espiritualismo angelista), mas as duas esferas se integram na cooperação subordinada de corpo e alma e de laicato e sacerdócio. 2º) O não misturar o plano da verdade e dos princípios perenes e imutáveis com os casos práticos (plano do mutável agir humano) para diluir os primeiros baixando lhes do nível imutável da verdade teórica a contingência da vida prática. 3º) A verdade que o homem é uma criatura, a qual diz respeito ao Criador; além disso o homem é um animal social, não um “individuo absoluto” (idealismo) nem um animal sacerdotal por natureza (se confundiria a natureza e a graça), evitando assim os dois erros no individualismo liberal e idealista, que leva a anarquia e o erro do angelismo hiper-espiritualista, que tornaria o mundo um convento (pan-vocacionista), confundindo os Preceitos com os Conselhos.  4º) Em política a verdade e os princípios não devem ser confundidos com o campo da ação prudencial, mas é preciso aplicar o princípio imutável aos casos práticos diversos e mutáveis. Por princípio o Estado deve se subordinar a Igreja, este princípio é imutável embora deva ser aplicado as várias épocas com discrição, bom senso e prudência sobrenatural, tendo em conta as circunstâncias na qual se esta vivendo.

Prólogo

·        São Pio X na encíclica Iucunda Sane (1904) nos recorda que:

1º) Não é preciso confundir e misturar os princípios com a prática, a verdade com as exigências da vida, de modo que se caia na evolução perpétua da verdade, como queria Maurice Blondel “veritas est adaequatio intellectus et vitae” (Ndt.: a verdade é adequação da mente a vida), na verdade, dado que as exigências da vida humana são contingentes, concretas e históricas, o intelecto deve se adequar a elas que mudam constantemente. A verdade não esta mais ancorada na estabilidade e imutabilidade do ser, mas na flutuação e no moto perpétuo do devenir. Equivale a ancorar a nave sobre as flutuações móveis das ondas e não sobre o fundo estável do mar.

2º) O cato-liberalismo ou o social-modernismo, ao invés, confunde voluntariamente e cientificamente princípios e práticas, assim formulam “meias verdades” que são mais perigosas que o erro manifesto, porque esses estão escondidos e secretos, como o modernismo qualificado como “foedus clandestinum” ou “seita secreta” por São Pio X (Sacrorum Antistium, 1º setembro de 1910). Tais meias verdade são aplicadas não apenas na filosofia, no dogma e na moral, mas também na doutrina social e política da Igreja e sobretudo na colaboração hierarquizada entre Estado e Igreja. 3º) Certamente é preciso calar o princípio na prática com Prudência, mas a Prudência não é a Fé, o dogma, a verdade ou o ser; essa é a recta ratio agibilium, nos diz como devemos fazer para agir hic et nunc virtuosamente a luz dos princípios imutáveis, sem confundir ser e agir, verdade e prudencialidade. Ao invés, para o cato liberalismo ou o social-modernismo a-dogmático o Princípio ou o Valor máximo, absoluto e universal é: “não é necessário exagerar na afirmação da verdade, ocorre esmaecê-la e torna-la aceitável ao homem moderno”. Ora, é verdadeiro que não se deve cair no rigorismo desumano e fanático de quem anula os casos práticos e vê apenas os princípios, mas, mas se a vida é feita de casos práticos e contingentes, estes são resolvidos a luz dos princípios imutáveis e perenes.

·        Mons. Antônio De Castro Mayer na sua “Carta pastoral sobre o Reino social de Jesus Cristo” (1978) nos recorda que:

1º) O homem é uma união de alma, corpo e sociabilidade, contra o angelismo super-espiritualista e contra o materialismo laicista de direita (liberalismo) e de esquerda (socialismo).

2º) A Autoridade vem de Deus e não do homem ou do povo, que usurparia, assim, o lugar do Criador.

3º) Aderir ao falso e fazer o mal não é verdadeira liberdade, mas é um defeito contra-natureza desta, porque a alma humana é naturalmente fornecida de intelecto para conhecer o verdadeiro e recusar o falso, e, de vontade para amar o bem e fugir do mal.

4º) Dado que Deus é a própria Perfeição subsistente, não pode fazer o mal, que seria uma imperfeição. Então, nem mesmo Deus pode conceder a liberdade às falsas religiões, o direito a liberdade do erro, que são contra a natureza e intrinsecamente perversos.

5º) A ordem cronológica a seguir para “restaurar tudo em Cristo” é antes de tudo a conversão pessoal (“nemo dat quod non habet”), depois a família, então o vilarejo e enfim o Estado. Se essa ordem é invertida, como fez Charles Maurras (‘politique d’abord’), e se parte do Estado, sem antes ter formado verdadeiros cristãos, famílias e vilarejos sinceramente cristãos, se tem um teto sem casa e sem fundamento; um móvel comido por vermes, um braço engessado, mas doente internamente de gangrena, que mais cedo ou mais tarde explodirá e fará desintegrar a engessadura; um esqueleto jurídico do Estado que tem uma aparência cristã, mas sem alma e sem substância.  Leão XIII (Immortale Dei, 1885) e São Pio X (Notre charge apostolique, 1910) nos recordam que “a Cristandade existiu, não é preciso inventar uma nova, mas instaurá-la e restaurá-la incessantemente contra os assaltos da “impiedade” (São Pio X) e que o Evangelho “primeiro penetrou as almas dos cidadãos, das famílias e do exército romano até chegar, enfim, também ao Palácio imperial” (Leão XIII).

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·        SANTO AGOSTINHO aborda em primeiro lugar, melhor que todos e de forma sistemática, o problema das relações entre Estado e Igreja, que depois será retomado por todos os outros Pais e pelos Escolásticos.

1º) O Estado deve ser subordinado a Igreja como o corpo a alma, a matéria a forma, a potência ao ato, o devenir ao ser. Em breve Santo Agostinho – junto a todos os Padres eclesiásticos – ensinou a doutrina sistemática quase totalmente e definitivamente concluída da cooperação hierárquica entre Estado e Igreja.

2º) A Igreja “ não pode não fazer política” (São Pio X), que não é partidarista mas é a virtude da Prudência aplicada a Sociedade civil, sendo o homem um “animal social por natureza” (Aristóteles e Santo Tomás).

O Liberalismo-laicista e o Angelismo-hiper clericalista

·        O liberalismo laicista quer dessacralizar e dissolver a Sociedade, porque não admite a dimensão criatural (que se refere ao Criador) e social (que alude a Polis e então a Política) do homem. Para quem o homem e a Sociedade não dependeriam de Deus (secularização e dessacralização) e o homem não seria um animal social e politico (individualismo anarco-liberal).

 

·        O angelismo hiper-espiritualista quer tornar a religião um fato eminentemente individual e “pan-vocacionista” (“Ou vocacionado ou quase danado”), negando implicitamente a natureza como Deus a criou: homem animal racional, composto de alma e corpo, e naturalmente social e não “naturalmente sacerdotal”), o que equivaleria confundir a ordem natural com aquela sobrenatural, os Mandamentos com os Conselhos, como fazem as seitas e os regimes absolutistas.

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Atualidade do problema

·        São Pio X na Carta Encíclia Iucunda Sane (Março de 1904) explica que, o meio com que os heterodoxos se infiltram na Igreja, consiste em aplicar uma regra de ação prudencial aos princípios ou aos dogmas, confundindo o plano teórico ou da verdade com aquele prático ou do agir humano. Ora, continua papa Sarto, a prudência é uma virtude moral, que ajuda a aplicar os princípios ao caso prático e a resolver este último a luz do princípio, sem rebaixar o princípio, fazendo o válido somente se praticamente útil. Portanto, transpor prudência ou a prática, confundindo-a no nível dos princípios, é baixar o princípio do nível teórico para aquele prático, o que tem consequências desastrosas: do ponto de vista teórico dilui o princípio e corrói o dogma; do ponto de vista prático pode degenerar se em lassidão ou rigorismo como veremos adiante”.

 

·        Infelizmente o catolicismo liberal faz isto mesmo a respeito da doutrina sobre a relação entre Estado e Igreja. Com a desculpa de maior prudência, esse objeta que a doutrina da união hierárquica entre poder temporal e espiritual não é “prudencial” ou “pastoral” no tempo presente. O liberalismo católico ou modernismo social não nega explicitamente o princípio da união entre Estado e Igreja, para não ser expulso da Igreja, mas diz que praticamente ou prudencialmente hoje não é mais oportuno e útil, mas danoso.

 

·        Para refutar tal erro, é necessário distinguir bem a teoria ou o princípio, que não muda (2+2=4) da prática (tenho 4 maçãs, as posso comer todas juntas ou é mais prudente comer 1 de manhã, 1 depois do almoço, 1 a tarde e outra colocar a parte em caso de necessidade?). Atenção! Distinguir para unir e não para contrapor, na verdade a prática segue a teoria e é a aplicação ao caso concreto e contingente do princípio universal e imutável. Se confundo prática ou prudência (comer 4 maçãs juntas poderia ser indigesto) com o princípio (2+2=4) frustro a imutabilidade deste (e dou lugar a evolução da verdade, do dogma, a Tradição vivente…).

 

 

·        É preciso evitar o erro por excesso de quem não consegue calar na prática o princípio e se torna um ideólogo sectário, fanático, implacável e sem misericórdia. O modernismo político, ao contrário, peca por defeito de bom senso natural, de Fé e de Esperança sobrenatural e diante do mundo moderno, que é capaz de entender, mas se opõe a verdade renunciando por princípio aos princípios.

 

·        Quanto a doutrina social católica sobre a união hierarquizada entre Estado e Igreja, o princípio é sempre válido, precisa saber aplicá-lo na prática, mas não misturar e confundir teoria e prática para chegar a danificar ou adoçar o princípio. Se cairia no utilitarismo liberal ou “comodismo” americanista, condenados por Leão XIII na carta Testem benevolentiae 1889* (primado do útil sobre a verdade e amor imoderado da comodidade). Então, embora sem renegar explicitamente o princípio, o acreditam teoricamente e praticamente inabitual, não possível, nem sequer a longo prazo e lhe renunciam se não de jure ao menos de facto. Para o qual a única estrada percorrível é aquela das concessões, do diálogo com a modernidade, cedendo aos seus falsos princípios modernos, enquanto aqueles da filosofia perene, da teologia escolástica, do Magistério tradicional são reputados, historicamente e não teoreticamente, achado arqueológico, desatualizado, graças a mentalidade historicista que, calando o princípio na sua época histórica e tornando-o um fato cronológico e contingente e não mais um princípio imutável, relativiza tudo.

 

·        Também no campo social a verdade ou os princípios não se enquadram no campo da ação e do agir prudencial. É necessário aplicar com prudência o princípio imutável da verdade teorética ao caso prático não só individual mas comum, social e político. Todavia não precisa misturar teoria e prática, princípio e ação, dogma e prudência. A verdade pertence a ordem do ser e a prudência aquela do agir. Ora “agere sequitur esse, modus agendit sequitur modum essendi, sed agere non est esse” (o agir segue o ser, o modo de agir segue o modo de ser, mas a ação não é o ser). O modo de agir ou o ato humano prático pode ser incompleto, imperfeito e também mal quando é falso, mas uma verdade teorética não pode ser, por definição, incompleta, imperfeita e falsa, está seria a contradição mesmo subsistente como “o círculo quadrado”, para o princípio de identidade e não contradição (verdadeiro=verdadeiro, falso=falso, verdadeirofalso). A verdade é a conformidade do intelecto a realidade (“adaequatio rei et intellectus”), a ideia é verdadeira se corresponde ao ser, não a ação, é falsa se não há correspondência, neste último caso não se tem um conceito imperfeito, mas simplesmente falso ou errôneo, ao invés o ato humano pode ser “menos perfeito daquilo que deveria ser” (imperfeição ou “actus remissus”) ou ligeiramente mal (pecado venial) ou gravemente mal (pecado mortal). É necessário compreender e simpatizar com a fragilidade prática do homem, sem justificá-la e aprová-la, mas a transposição da prudência ao agir na ordem do ser ou da verdade, mediante meias-verdades ou termos equívocos, ambíguos, esmaecimento, imprecisos, os quais, deliberadamente, não são explicitamente errôneos, é ainda mais perigoso para a sã razão e a pureza da Fé.

 

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Mons. Antônio de Castro Mayer

·        Na sua Carta pastoral sobre a Realeza social de Cristo em 1978, o bispo brasileiro distingue muito bem a verdade da ação prática, e escreve que “o liberalismo que é o indiferentismo relativista em matéria religiosa e o separatismo social do elemento sobrenatural é a causa da apostasia das Nações”. O Liberalismo laicista, na verdade, propugna por princípio a separação entre a religião e política, Igreja e Estado, como conformemente a sua filosofia subjetivista-relativista uma religião vale a outra e consequentemente o Estado deve ser indiferente em direção a verdadeira religião. Além disso concebe o individuo como um Absoluto, um Fim e nega a dimensão social e criatural do homem, que ao invés é em relação com os outros e com Deus. Destes princípios “teoréticos”, indiferentismo, subjetivismo, individualismo e “ práticos”, imanentismo, separatismo, lhe segue necessariamente a separação do Estado da Igreja ou a apostasia política, social e nacional, que é mais grave daquela individual, como matar 1000 pessoas é mais grave que matar uma só. Em breve é o contra reino de Cristo, a contra-igreja ou a “sinagoga de Satanás” (Apoc., II, 9). A doutrina católica ensina a cooperação hierárquica entre Estado e Igreja, para santificar não só o individuo, que por natureza é sociável e relativo a sua Causa. Então a Igreja quer sacralizar a Sociedade civil, união de mais famílias, compostas por vários homens sociáveis, criados e dependentes de Deus. Ao invés o liberalismo laicista quer dessacralizar a Sociedade, como não admite a dimensão criatural e sociável do homem e o angelismo hiper clericalista quer tornar a religião um fato eminentemente individual e “vocacionado”, negando implicitamente a natureza como Deus lhe criou: homem animal racional, composto de alma e corpo e naturalmente social e não “naturalmente sacerdotal”: seria confundir a ordem natural com aquela sobrenatural. Enquanto o modernismo o faz em detrimento do sobrenatural ou por direito, o híper-clericalismo angelista o faz por excesso em detrimento da natureza, “sed Gratia non tollit natura, supponit et perficit eam”, ensina S. Tomás (S. Th., I, q. 1, a. 8 ad 2). Aqui a causa da apostasia da hora presente: o laicismo-liberal e o angelismo hiper-espiritualista, o naturalismo (Racionalismo, Iluminismo, Materialismo e Imanentismo) e o espiritualismo exagerado (Platonismo/Cartesianismo/Idealismo/Ontologismo de Malebranche a Rosmini).

 

·        “In principio era Auctoritas et Auctoritas erat a Deo”, recita o adágio escolástico. Na verdade por Revelação “não existe Autoridade se não derivante de Deus”. Ao invés para o liberalismo a autoridade deriva do Homem que é o Fim último de si mesmo (“non est auctoritas nisi ab homine et populo”). O liberalismo é a encarnação da doutrina das “Duas cidades” descrita por S. Agostinho no De civitas Dei, “a cidade de Deus composta daqueles que por amor ao Criador reconhecem a si mesmos como criaturas finitas e a cidade de Satanás, composta daqueles que por amor desordenado de si, desprezam a Deus”. A Revolução moderna, o laicismo liberal contrapõe Deus e o homem, como duas pessoas não só distintas mas contrárias e contrapostas, uma autônoma da outra. O homem moderno e contemporâneo grita como Lúcifer “Non serviam!” e como a serpente do Éden insinua “Ero sicut Deus”. A Igreja, que é a ordem ou o contrário da Revolução, a qual é a “própria desordem subsistente por participação”, harmoniza Deus (“a própria ordem subsistente”) e o homem como Pai e Filho, distintos, não contrários nem contrapostos, mas em relação de conhecimento amoroso, altruísta, recíproco e em convivência pacífica mediante a Graça santificante. Daquilo lhe segue que para a Igreja o Estado, o qual naturalmente é o conjunto de homens e famílias, deve dar a Deus o culto oficial e público, porque o Estado é por natureza criatura de Deus. Ao invés o Laicismo ou a modernidade antropocêntrica e revolucionária nega que Deus é criador do homem e a fortiori da Sociedade civil, polis ou civitas. Então, enquanto a Igreja tem uma concepção eminentemente política ou social, dada a natureza sociável do homem criado por Deus, o laicismo, revoltoso e subversivo, odeia a dimensão social (“o outro é o inferno”, dizia J.P. Sartre, certamente os seus escritos foram a motivação de muitos jovens, para o suicídio  e criatural do homem, que o coloca em relação com os outros no Estado e em relação com Deus na Igreja, a qual é uma Sociedade perfeita jurídica e sobrenatural, um “Corpo mistico”. Mas a doutrina a-social e liberal – como ensina Pio XII – “é contra natureza” porque quer “obrigar o espírito e a vontade do homem a aderir ao erro e ao mal ou a considerá-lo indiferente”, enquanto o intelecto é feito para aderir ao verdadeiro e refutar o falso a vontade para amar o bem e repudir o mal. Na adesão ao erro ou ao mal não só não se tem nenhuma  perfeição ou enriquecimento da natureza humana, mas só degradação da inteligência e da vontade, as quais são as duas faculdades nobres da alma racional e espiritual do homem. O Estado, que é o conjunto de famílias, as quais se unem para obter mais facilmente o próprio fim próximo (bem estar material) e último (viver virtuosamente para unir-se a Deus), não tem o direito de deformar a inteligência e a vontade da alma humana, mas ao contrário deve ajudar o homem a conhecer a verdade e a praticar a virtude. Tudo isto se consegue através da cooperação entre política e religião, Estado e Igreja. Quem os quer separar peca ou por defeito (laicismo liberal: individualismo a-social) ou por excesso (espiritualismo angelístico: o homem é só alma, o corpo é malvado e assim a sociedade ou a polis são um mal a evitar para obter o próprio Fim que é o Céu, somente através da religião, a qual não tem nenhuma valência social). Mas o homem não é um anjo, é composto de alma e corpo, é feito para viver em Sociedade civil (Estado) e religiosa (Igreja), as quais não devem prescindir uma da outra (erro por excesso: angelismo platônico/cartesiano) ou combater-se (erro por defeito: laicismo liberal-revolucionário), mas cooperar subordinadamente como o corpo e a alma.

 

·        Como por natureza o homem é um animal racional e livre, (feito para conhecer o verdadeiro e amar o bem) e sociável (feito para viver em Sociedade civil ou política), nem sequer Deus poderia conceder ao Estado e ao individuo, que são uma criatura natural, o poder de contradizer a sua razão de ser ou finalidade (conhecer o verdadeiro, amar o bem, viver em Sociedade politica natural e religiosa-sobrenatural) e dar-lhes o direito de ser indiferentes ou neutros em matéria de reta razão individual, social e religiosa. A liberdade filosófica ou religiosa é contra a natureza, a tolerância filosófica ou religiosa é sempre um mal que se pode permitir de fato, nunca querer por princípio para evitar um mal maior. Isto o ensina a sã razão, a verdadeira teologia, a Tradição apostólica e o Magistério da Igreja. A ignorância invencível desculpa o individuo do pecado formal, mas não lhe da o direito de fazer publicamente o mal e propagar em foro externo e publicamente o erro, porque objetivamente ele se encontra no erro e no mal, o qual não tem nenhum direito a existência, a propaganda e a ação pública.

 

·        Uma das finalidades da Igreja além da conversão individual das almas é a dilatação do Reino de Deus sobre a terra. Este Reino é “principalmente espiritual, mas secundariamente também de ordem política e temporal” (Pio XI, Quas Primas, 1925). Então a liberdade religiosa é contra a finalidade da Igreja como Cristo há quis, não só é contra a natureza mas também contra a Revelação. A apostasia das Nações de Deus, que foi propugnada pelos homens da Igreja (v. Dignatatis humanae personae, 7 de dezembro de 1965). O ideal ou a meta apostólica a qual todos (leigos e clérigos) somos chamados é a instauração do reino de Deus já sobre a terra, embora se imperfeitamente, para obtê-lo perfeitamente no Paraíso. Então primeiro devemos nos converter verdadeiramente e viver habitualmente na Graça de Deus e então poderemos levar  Cristo na família, no ambiente de trabalho e na Sociedade civil. Isto é a ordem a seguir para “instaurare omnia in Christo” (S. Pio X): se não se é cristão interiormente e verdadeiramente não se pode restaurar a Cristandade (“nemo dat quod non habet”), não se deve começar com a política (“politique d’abord” Charles Maurras) porque isto significaria iniciar a construir uma cada pelo teto e não pelo fundamento. Se é conquistado o poder do Governo e se fazem leis cristãs mas o Governante e os cidadãos não são cristãos, a “restauração” é só exterior e superficial e então dura como um fogo de palha. Mesmo Antônio Gramsci o havia compreendido. Segundo ele, era necessário primeiro conquistar o consenso de uma nação e mudar-lhe a sua mentalidade e depois conquistar a hegemonia e o poder politico  caso contrário, tudo entraria em colapso. A Polis é um conjunto de famílias e de homens, antes vem o individuo que unido a outra forma, uma família, a qual junto a outras famílias formam uma vilarejo e mais vilarejos um Estado. A Civitas ou Polis será cristã e ordenada na sua medida a qual aqueles que lhe fazem parte são ordenadas e cristãs. Só, então, o Estado tem o dever de manter a ordem e proteger a vida virtuosa. Mas não se pode começar com o fim, seria uma contradictio in terminis ou um “contra-senso”, “o princípio = o princípio, o fim = o fim, o princípio ≠ o fim”. Aristóteles (Política) e Santo Tomás (De regime principum) ensinando que “a política é a virtude da prudência aplicada a Sociedade”, enquanto a “prudência individual” se chama “monástica” e aquela ‘familiar’ se diz “economia”. Leão XIII ensina que os primeiros e verdadeiros cristãos “fizeram em pouquíssimo tempo, penetrar o Cristianismo não só nas suas famílias, mas no exército, no senado e por fim no palácio do imperador”. Não começou no Palácio imperial, mas do cristão individual.   

 

Santo Agostinho

·        Segundo Santo Agostinho o governante ou o Príncipe deve administrar a res-pública como uma atividade voltada para o bem comum, ou seja, que é fazer os cidadãos atingirem o bem moral e fazendo lhes evitar o mal. A origem – como revela São Paulo (Rom., XIII, 1) – do poder é divina. O governo, então, é bom se respeita a sua natureza, que é: a Causa eficiente da qual tira a Autoridade, que é Deus, e a sua causa final, que é o bem comum temporal subordinado àquele moral ou espiritual.  De outra forma se não reconhece Deus como sua Causa eficiente e não tem em mira o viver virtuosamente (natural e sobrenatural) o governo é mau, na verdade, é comparável a “uma banda de ladrões”. O bom governante deve, segundo Santo Agostinho e todos os Padres Gregos e latinos, colocar-se ao serviço do bem e deve promover socialmente ou junto a Sociedade civil ou Estado, a Religião divina. A obediência a Autoridade civil, todavia, é condicionada a essa se manter na finalidade moral (viver virtuoso) e na dependência de Deus (causalidade eficiente). Senão, a Autoridade se torna tirania e é licito resisti-la em certas e determinadas condições (especialmente de não tornar a situação posterior pior do que a anterior). Segundo o Hiponate, o governante cristão não apenas deve prover a paz interna e externa da Sociedade civil, mas também aquela espiritual, isto é, o Estado deve favorecer a Igreja na sua missão de expandir o Reino de Deus em todo o mundo. Certamente a Igreja e o Estado não podem constringir a fazer o bem, que não seria mais livre e meritório, mas devem proibir de fazer o mal. Antes, para defender a Fé pode pedir até mesmo a intervenção de quem porta a espada. Na verdade, se o Príncipe deve punir os crimes civis, porque jamais se deveria impedi-lo de reprimir também os crimes espirituais (a heresia e o cisma)? Dado que a heresia e o cisma são um mal, na verdade o máximo dos males, quem porta a espada não pode não servir-se dela para lhes reprimir. Santo Agostinho refuta com 1000 anos de antecedência a objeção dos católicos liberais, segundo os quais o homem como individuo é religioso, mas como cidadão fazendo parte de um Estado deve ser neutro em matéria religiosa. O Hiponate de fato, afirma que o Príncipe serve Deus de dois modos: como homem, vivendo a Fé informada pela Caridade e como Governante fazendo leis conformes a lei divina-natural, fazendo-lhe respeitar e punindo os seus transgressores.

 

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Conclusão

A Igreja não pode não fazer “política”

·        O Homem é Um Animal naturalmente Sociável. Disto a necessidade de ensinar, hoje mais do que nunca, a doutrina social da Igreja e de não fechar-se nas sacristias, como queriam os católicos liberais,  mascarando tal cedimento ao catolicismo liberal sob um excessivo espiritualismo ou angelismo desencarnado, o qual o lema é “não é preciso fazer política!”. Ao invés a realidade, e então a verdade, é que o homem é composto de alma e corpo, que é um animal racional e também que é político, feito para viver na Societas ou em Polis, e não é um anjo, um ente desencarnado ou um monge, que vive isolado. Os monges são casos “excepcionais” e “heroicos” que confirmam a regra.

 

·        O Perigo Do Angelismo Ou Do Espiritualismo Exagerado. O erro dos conservadores e de alguns “pseudo-tradicionalistas” católicos atuais é aquele de eliminar o elemento social da natureza humana, que ao invés foi criada por Deus naturalmente sociável (Aristóteles, Política, VI; Santo Tomás de Aquino, De Regimine principum, liv. I, cap. 14) e de querer tornar o homem um individuo único (como o liberalismo individualista) sem espaço social e político, para encaminhá-lo, com um impulso puramente natural (até mesmo se vem do Padre, que permanece sempre um homem mesmo se consagrado e não é Deus, mas apenas um instrumento de Deus para ajudar os fiéis a fazer a Vontade de Deus, que não necessariamente é aquela do sacerdote) para uma vida consagrada a qual pelo contrário chama apenas Deus e na qual se persevera apenas com a ajuda de Deus: “Não fostes vós que haveis Me escolhido, mas sou Eu que escolhi a vós”, nos disse Jesus no Evangelho. A vocação é um conselho e não um preceito e não se pode obrigar a seguir um conselho sob pena de pecado.

 

·        É preciso contestar, refutar e contrastar o laicismo, em teoria e em prática, derrubar tal modo de vida subversivo e revolucionário, fazer a história mais que sofrê-la passivamente e tentar criar condições de um viver social, que facilite aquele espiritual. “A graça pressupõe a natureza, a aperfeiçoa e não a destruí” (Santo Tomás), assim a Fé pressupõe a humanidade civilizada, a aperfeiçoa, a mantém em vida e não a deve destruir; da mesma forma a vocação sagrada pressupõe a vida familiar, social e política, a perfeição e não a deve aniquilar. Se não houvesse uma sociedade familiar, não poderia haver um “chamado” e se a Sociedade civil ao invés de ajudar o individuo e a família a colher o próprio Fim lhes impedisse, os “vocacionados” seriam muito menos.  É por isto que ocorre “dar a César aquilo que é de Cesar [obediência as leis temporais em conformidade com a lei natural] e a Deus aquilo que é de Deus [a adoração].

 

 

Padre Curzio Nitoglia

 10 de julho 2012

 

http://www.doncurzionitoglia.com/consegne_ai_militanti.htm

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