P. SISTO CARTECHINI: DA OPINIÃO AO DOGMA - PREFÁCIO E QUADRO DE NOTAS TEOLÓGICAS
Padre Sisto Cartechini, S.J.
[Tradução: Gederson Falcometa]
Se em toda ciência, mais que a quantidade e a qualidade das noções esparsas, é útil bem conhecer o grau de certeza dos seus pressupostos e dos seus princípios, e a ordem das suas deduções, isto vale especialmente no campo da fé e na ciência teológica. Daqui a necessidade do estudo ordenado dos dados revelados, o qual, se em qualquer medida é requerido a todos os crentes para oferecer a Deus um ato de culto racional (Rm 12, 1), e também aos crentes para se explicar aos não crentes a racionalidade do quanto crEem, maior razão se adiciona a quantos buscam o pleno possesso dos dados revelados para se render conta que a nossa fé exclui toda dúvida, e é luminosa e certa não menos que os axiomas e as categorias matemáticas.
O dúplice fim que me prefixei no presente trabalho foi fornecer precisamente aos estudiosos da fé católica os critérios necessários para dar um exato juízo sobre certeza da verdade revelada, e expor juntamente os métodos de coliga-los em um sistema científico. Então, em uma primeira parte me propus determinar o significado preciso das várias qualificações teológicas com as quais no ensinamento se costuma exprimir o grau de certeza entorno a uma proposição que pertença a fé ou a teologia; e isto fazendo, entendi colocar uma mão amiga a quantos, especialmente os leigos pouco adentrados nas ciências sacras, mas também a clérigos talvez desorientados por muitas flutuantes e discordantes definições de termos e de conceitos, não vissem com clareza os contornos precisos ao alcance das qualificações: dogma, fé definida, fé divina, fé divina e católica, fé católica, doutrina católica, certo em teologia, sentença comum, sentença provável…; e das censuras a essas contrapostas: heresia, erro, próximo ao erro, temerário… Depois na segunda parte entendi mostrar em quantos modos as várias proposições da fé e da teologia podem entre elas se conectar e por quantas vias de uma verdade revelada se lhe podem explicitar pelas outras, novas somente quanto a sua formulação mais precisa.
Não pretendo já no meu modesto trabalho dizer alguma coisa de novo ou melhor, além daquilo que disseram os grandes teólogos antigos e modernos, sobre uma matéria tão complexa. Quanto há nisso existe de verdadeiro o extrai de ótimos autores, muitos dos quais citados na bibliografia; aquilo que tem de novo é apenas a ordem, a síntese, a confirmação dos documentos, a aplicação com vários exemplos; para que os sacerdotes e quantos também do culto laicato se interessam pelas ciências sacras, possam por si mesmos fazer um juízo exato sobre o grau de certeza entorno a uma proposição que venha a eles proposta, ou extrai-lo dos textos de teologia, ou ao menos render-se conta das dificuldades do problema e julgar com uma certa cognição de causa sobre um argumento totalmente diverso do fácil.
É meu dever de gratidão agradecer a todos que me ajudaram na obra, ou me encorajando a empreendê-la, ou dando me sugestões para a execução, ou revendo e adaptando o texto a leitores fora da escola. Que o Senhor lhes recompense.
- P. Sisto Cartechini I.
| E S Q U E M A D A S N O T A S T E O L Ó G I C A S
(*) Uma nota superior contém em si aquela inferior e o seu valor decresce descendo a escala. É possível a passagem de uma nota inferior a uma superior e todas tem relação com a primeira, o dogma. (**) O dogma não pode descer a uma nota inferior. As notas do dogma, aquelas de fé divina, formam o campo da fé; do dogma até a nota teologicamente certa temos o campo da infalibilidade (para alguns até a nota comum é certo); o campo da teologia abraça todas as notas do dogma até ao provável. (***) As censuras das proposições opostas e contrárias as últimas duas notas costumam ser estas: capcioso, que soa mal, ofensiva aos ouvidos pios dos fiéis, escandalosa (D. 1541). Tais censuras se deduzem de outras fontes e recorrem muitas vezes em teologia moral, enquanto as proposições qualificadas podem ser ocasião de escândalo, soar mal, etc. |
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