DON CURZIO NITOGLIA: TRANI, ANO MIL: O MILAGRE DA HÓSTIA FRITA




 Don Curzio Nitoglia
Tradução: Gederson Falcometa

Em Trani na Puglia, perto de Barleta, ainda se pode visitar o lugar onde ocorreu um retumbante milagre eucarístico por volta do ano mil (século XI), sob o pontificado do Papa Gregório V. Dois eminentes pesquisadores (Spacucci e Curci) dedicaram três décadas de sua vida a estudar a questão reconstruindo a história do milagre, a partir de documentos ainda inéditos, mas consultáveis nos arquivos estatais[1]. Sempre em Trani, em 1480 um dos soldados muçulmanos que haviam massacrado em Otranto a 800 cristãos, passando pela cidadezinha, golpeia com a cimitarra um crucifixo de madeira, do qual jorrou sangue, que se conserva na Igreja do SS. Crucifixo vizinha à porta de Trani. O Padre Pio costumava dizer “Benedico la città di Trani la cui terra è stata bagnata due volte dal Sangue di Gesù” (“Bendigo a cidade de Trani, que teve sua terra banhada duas vezes pelo sangue de Jesus”). 


• Para conhecer profundamente a história do milagre eucarístico do século XI, pode-se consultar com extremo proveito o livro de F. Sapucci – G. Curci, História da Hóstia Milagrosa de Trani, Nápoles, Laurenziana[2], 1989, e o sumário deste Milagre Eucarístico de Trani, Nápoles, Laurenziana, 1996.

Uma senhora judia, habitante da região Casale (hoje Via hebreia) de Trani, obtém uma hóstia consagrada de uma cristã, que a tinha recebido na Quinta-Feira Santa na atual Igreja de S. André (naquele tempo de S. Basílio) durante a administração da Comunhão e em seguida a ocultou para dá-la à israelita. Esta mulher a jogou numa panela de óleo quente. Imediatamente a hóstia se transformou em Carne, da qual começou a sair muitíssimo Sangue, espalhando muito sangue pelo chão da casa da senhora judia, que, em pânico, começou a gritar e correr. Os vizinhos da casa avisaram o clero, e subitamente apareceu o arcebispo, que proclamou imediatamente uma procissão reparatória de pés descalços até a catedral, onde repousa os restos da Carne sangrante no sacrário, exposta à adoração pública.

• O resto da Carne com Sangue coagulado pode ser adorado ainda hoje em Trani, na Via Hebreia (já região de Casale), na Igreja de S. André (perto da casa da mulher sacrílega), que foi convertida em Igreja dedicada ao SS. Salvador. Ela está contida em uma caixa de prata, que remonta a 1611.

 • Todo ano na Quinta-Feira Santa se fazia uma procissão pública, de pés descalços, pela estrada de Trani, guiada pelo Arcebispo, com a caixa contendo o milagre eucarístico e também a hóstia consagrada pelo Bispo na Missa in Coena Domini. O grande pintor Paolo Uccelo, em 1465, começou a pintar a cena do milagre eucarístico de Trani sobre um frontal do altar da Igreja do Santíssimo Sacramento de Urbino. De fato em Urbino estava o arcebispo Latino Ursini, que precedentemente (1439-1449) era arcebispo de Trani e então divulgou também em Urbino a história do milagre de Trani.

• No pós-Concílio, à luz de Nostra aetate e também por causa da pressão da comunidade israelita italiana, já não se leva em procissão a caixa com a Carne e o Sangue coagulado, mas no Sábado Santo se leva em procissão uma relíquia de Madeira da Santa Cruz de Jesus, que se encontra em Trani desde o século XVI. Também a pintura de Paolo Ucello foi acusada de inequivocamente “antissemita”. Estes são os frutos do Concílio: “Irmãos muçulmanos” e “Pais judeus”, que perfuram o Crucifixo e fritam a hóstia, convidados a Assis (1986-2011) para rezarem juntos ao Único Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo, em que não creem e contra o qual blasfemam.  
 Notas:

[1]  A documentação completa do processo canônico, instituído pelo arcebispo Audentia de Trani, se encontra disponível no Arquivo do Estado, seção de Trani, no Fundo notário do cartório Nicola Francesco Dell’Aquila, ano 1706.
[2]  Tipografia Laurenziana, Via dei Tribunali, 316 (vizinha à Praça São Caetano), tel. 081/553.88.73, Napoli.


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